quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Testemunho de Joseane Vilaça

Nasci e cresci em um lar evangélico. Desde cedo comecei a me envolver nas coisas da igreja. Cantava sozinha, em grupos, corais, tocava na banda, fazia programa em rádio e trabalhava com as crianças. Ainda na adolescência, na igreja, nos cultos quando as oportunidades de louvores eram dadas, eu estava presente em quase todas elas: sozinha, em duo, trio ou quarteto, (sempre tive facilidade para música), com as crianças (porque eu era a responsável por elas na Escola Dominical, nas realizações das E.B.Fs), com o vocal dos jovens, no coral misto e até mesmo no coral do Círculo de Oração (embora solteira) ou no grupo de louvor (cantando ou tocando teclado). Cantar é algo que sempre me deu prazer. Pra falar a verdade, não consigo imaginar minha vida sem o envolvimento com a música. Mas algo aconteceu!O tempo foi passando. Eu cresci. Passei de adolescente a adulta e eu, não sei se inconscientemente ou não, comecei a me afastar de praticar estas coisas. Por causa do envolvimento com o trabalho e a faculdade, comecei a deixar tudo de lado. Tudo, literalmente. Abandonei o vocal, o coral, deixei as crianças para que outra pessoa tomasse conta, comecei a faltar nos cultos... Mas na minha cabeça (e só nela) eu tinha uma justificativa... Estava trabalhando e estudando... Não tinha abandonado para ficar fazendo nada. Era assim que eu pensava. Ia à igreja quando queria, não cantava mais em nenhum grupo, não trabalhava mais com as crianças, não tinha mais nenhuma responsabilidade, eu me sentia livre. Como aquilo era bom! Não ter nenhum compromisso com nada. Nenhuma preocupação. Só o trabalho e a faculdade.O tempo passou, me formei no curso de Letras, comecei a trabalhar, a dar aulas e assim, ia levando até que um dia formou-se uma caravana na igreja para estar participando de um dos congressos dos Gideões Missionários que acontecem todos os anos em Camboriú em Santa Catarina. Opa! Esta eu não podia perder! Ia passear, ver o mar (lá tem praias, rss), ver e ouvir cantores e pregadores famosos. E lá fomos nós! Nos preparamos, viajamos, passeamos, fomos à praia (como não fazê-lo se ela fica tão longe de nós e nem sempre temos esta oportunidade?) e também fomos ao ginásio de esportes para assistir os trabalhos e participar dos cultos. Creio que não seja necessário dizer quão grandiosos e esplendorosos são aqueles cultos onde Deus opera milagres e maravilhas, derramando suas bênçãos e demonstrando seu poder e sua glória.Uma noite decidimos ir ao culto, mas fazíamos questão de conseguir entrar dentro do ginásio. Não queríamos ficar do lado de fora, assistindo pelo telão. Tínhamos que entrar pra ver tudo de perto lá dentro. E fomos. Mas havia muita, muita, muita gente! Uma aglomeração de pessoas que nunca vi pessoalmente em nenhum lugar. E nós dizendo: “_ Vamos entrar! Vamos entrar!” – Foi então que nos deparamos no meio de um bolo de gente onde era simplesmente impossível dar um mínimo passo para qualquer lado.Não conseguíamos ir nem pra frente, nem pra trás, nem para um lado, nem para o outro. Então começamos a nos mover involuntariamente, pois não podíamos ir para onde queríamos e também não podíamos ficar parados, pois começou um empurra-empurra que nos obrigava a ir em determinada direção e tivemos que prosseguir rumo onde aquele empurra- empurra nos levava. Não era bem um empurra-empurra porque ninguém se machucou, ninguém se batia, ninguém brigava ou discutia. Simplesmente, não podíamos nos mover e naquele aperto, todo mundo só podia ir em uma direção, praticamente como estátuas sendo levadas, mal conseguíamos mexer os próprios pés. Foi algo que não sei explicar direito. O que sei é que nos afastamos do ginásio e quando vimos estávamos perto da igreja onde várias pessoas estavam reunidas do lado de fora do pátio orando, buscando a Deus. Ali havia menos pessoas que no ginásio, mas a glória de Deus era tão grande como lá no ginásio ou ainda maior.Como eu nunca tinha visto algo como aquilo, peguei a minha filmadora portátil e comecei a filmar. Mas aquilo era muito contagiante. Qualquer pessoa com o mínimo de Deus em seu coração, não poderia resistir àquilo. Comecei a chorar filmando. Alguém me viu naquela situação e tirou a filmadora da minha mão. Juntei-me àquele povo que orava, clamava e adorava a Deus.Foi então que um senhor que nunca vi e que se visse de novo eu não reconheceria colocou a mão em minha cabeça e profetizou que estava com os dias contados e uma pessoa da minha família seria tomada. Quando eu ouvi isto, pensei no meu pai, na minha mãe, nas minhas irmãs, tentando imaginar quem seria... Nesta mesma noite, este mesmo irmão, falou comigo de novo perguntando por que eu tinha parado de louvar a Deus, dizendo que com isto Deus estava triste e que quando eu cantava o Senhor recebia o meu louvor. Fiquei pensando naquilo, porque como alguém que nunca me viu na vida saberia que eu antes cantava e agora não cantava mais? Fiquei pensando também no tempo verbal que ele usou: “ouvia” no Passado. Admito que aquilo me surpreendeu. Muitas pessoas não têm consciência como eu não tinha naquele momento que o que fazemos dentro da igreja não é para nós mesmos e sim para Deus que observa e recebe aquilo que é feito de coração. Fui embora pensando naquilo. Então. Deus recebia quando eu cantava na igreja? E agora? Será que se eu voltasse a cantar Ele voltaria a receber o meu louvor? Sentia-me envergonhada, incapaz, incompetente, longe dEle, apesar de continuar freqüentando a igreja. Aquele verbo no Passado martelava a minha mente: Ouvia. Então não ouve mais? Era a minha dúvida.O congresso acabou. Fomos embora. Voltamos para nossa cidade. O tempo passou e eu me esqueci do que Deus tinha dito através daquele irmão que nunca tinha visto, nem ele a mim. Continuava a ir à igreja, mas da mesma maneira, sem compromisso, sem responsabilidades. Nesta época, havia alguns irmãos que se reuniam todas as noites no porão da igreja para tirarem um período de oração e Deus sempre se fazia presentes nestes encontros de oração. Uma noite, um deles teve uma visão. Viu quando um caixão de defunto fechado saiu de dentro de minha casa e era levado para a rua como se estivesse sendo preparado para um enterro. Ele contou o que tinha visto e todos pensavam que aquilo se referia a morte espiritual de alguém da minha família.Foi pouco tempo depois que tudo começou. Um dia, deitada, percebi que não estava conseguindo respirar. Eu tentava inspirar o ar, mas não conseguia terminar a inspiração devido a uma forte dor que me obrigava a cortar a respiração pelo meio. Eu pensei que não fosse nada, que fosse só um mau jeito, porque eu estava deitada em cima do pulmão. Mas aquilo não parou, continuou e piorou. Fui ao médico. O diagnóstico foi “problema no coração”.Mandaram-me de volta pra casa, receitaram remédio para o coração e marcaram data para fazer um eletro daqueles sofisticados onde tudo pode ser visto. Fui embora, tomei os remédios, chegou o dia do exame. Fiz o exame e o resultado foi completamente negativo. Meu coração não tinha exatamente nada. E eu estava cada vez pior, cada vez mais fraca, cada vez respirando menos, como tinha tomado analgésicos fortes, já não sentia mais dor, mas sentia um incômodo nas costas, um peso que não sabia o que era e tossia muito. Resultado: internação. Diagnóstico: Pneumonia.E lá fiquei eu com agulha enfiada na veia tomando soro, analgésicos, injeções, antibióticos, fazendo inalação, etc. Não comia, tossia sem parar, às vezes, nem respirava. (Não sei como não morri!) Cinco dias internada. Ao tirar outra radiografia do pulmão para comparar com a primeira, surpresa: Depois de cinco dias de medicação e tratamento contra a pneumonia, a radiografia mostrava um quadro pior e via-se que o problema já começava a atacar o segundo pulmão. Recomendação: voltar a internar para tomar mais medicação. A cada notícia que eu recebia, me sentia pior.Minha irmã, então, se recusou a fazê-lo. Ao invés, pediu que nos indicasse o nome de um bom pnemologista porque me encaminharia a ele. E assim foi feito. Ao chegar lá, ele viu meus exames, olhou para mim e disse: “_ O seu pulmão está murcho e cheio de líquidos. Vamos marcar para tirar o líquido. Se isto não resolver, faremos outros exames enfiando um cano pelo nariz até chegar ao pulmão e pegar um pedacinho dele para examinar e analisar.” A cada palavra que eu ouvia, eu me desmoronava mais, nada mais parava no estômago, o peso nas costas era cada vez maior e eu achava que tudo aquilo era um castigo de Deus pelo meu comportamento com Ele. Fui internada em um hospital maior, com maiores condições e aprimoramentos.Fiquei mais abalada ainda, pois fui internada em uma sala de isolamento, onde ninguém entrava sem máscaras ou luvas descartáveis, os funcionários do hospital tinham medo de entrar no quarto e as pessoas não disfarçavam o medo e o receio em estar perto de mim.O médico me explicou como seria o processo de retirada do líquido da pleura, a camada que reveste o pulmão. Disse-me que retirariam o líquido e mandariam fazer uma biópsia. Ao ouvir esta palavra eu acabei de desmoronar. As noites que eu passei neste hospital foram as piores da minha vida. Eu descobri, vivenciei e experimentei que não há lugar pior no mundo para se estar do que em cima de uma cama de um hospital. Para mim, a palavra “biópsia” sempre esteve relacionada a “câncer” e “câncer” ao meu ver estava relacionado a sofrimento, dor e morte.Ninguém comentava, mas eu sei que todo mundo lembrava da profecia no Congresso em Camboriú de que estava com os dias contados e uma pessoa da minha família seria tomada. (Eu não tinha pensado que eu mesma também fazia parte da minha família). Todos lembravam também da visão que o irmão tinha tido na oração no porão da igreja vendo um caixão fechado saindo de dentro da minha casa. Eu acho que estavam todos esperando a minha morte porque um próprio irmão me disse mais tarde que pensou que eu não fosse escapar.Naquela cama de hospital, eu não dormi. Virei a noite toda de um lado para o outro na cama e na minha cabeça martelava o fato de que se eu morresse mesmo, como é que eu me apresentaria a Deus? O que eu tinha feito para Ele? Onde eu tinha colocado os talentos que Ele me entregou?Aquele seria o meu fim, eu passaria dores, sofrimentos e a vergonha de ter rejeitado o fato de ter sido escolhida por Deus para fazer o seu trabalho conforme a sua vontade. Eu tinha a certeza de que eu morreria. Mas eu não queria morrer daquele jeito, naquela situação. Sentia que o meu prazo tinha acabado, que eu não poderia fazer mais nada, a não ser chorar, lamentar, sofrer. E eu tinha escolhido aquilo. Eu virei as costas para as coisas de Deus. Eu abandonei todas as coisas por vontade própria pensando só em mim, no meu sossego, na minha tranqüilidade e não reconhecendo que eu não pertenço a mim e que sou um instrumento criado para ser usado e dar frutos. Eu estava parada, não funcionava mais, estava sem uso. O que fazemos com um instrumento assim? Parado e sem uso?Naquele leito de enfermidade, fiz um propósito, um voto, uma promessa. Se Deus me curasse, eu voltaria a fazer tudo o que fazia antes, procuraria fazer mais e nunca mais rejeitaria nenhum serviço na casa e Deus. Reconhecendo que Deus é o Senhor, Dono da vida e da morte, eu daria o melhor de mim para fazer a sua vontade em minha vida.O líquido foi retirado da pleura (aproximadamente 3 recipientes quando médico esperava por só um), a biópsia foi feita, o resultado não foi o que eu temia, graças a Deus. Não precisei fazer outros tipos de exames. Recebi alta com o diagnóstico de tuberculose pleural, tive que tomar vários comprimidos por seis meses para ajudar na recuperação. A tosse parou, o peso e o incômodo nas costas desapareceram, a respiração voltou ao normal, sentia quando pulmão enchia de ar chegando a tocar nos ossos da costela e depois se esvaziava ao expirar o ar.Assim que recebi alta e fui pra casa, nada parava no estômago. Tudo o que engolia era automaticamente colocado para fora e o sofrimento continuava. Cheguei a sentir as paredes do estômago encostarem uma na outra de tão vazio e ao tentar beber um copo de leite, este ser engolido e devolvido em questões de pouquíssimos segundos. Nada ajudava, nem remédios, nem nada. Todos na igreja continuavam a orar por mim. As orações no porão da igreja continuava todas as noites. Isto durou vários dias, eu perdi muito peso e não tinha mais esperança.Não conseguia nem ficar em pé direito. Não podia ir à igreja e então parei e percebi o que estava acontecendo comigo. Quando eu estava saudável, eu não queria ir à igreja, queria ficar em casa. E agora? Eu era obrigada a ficar em casa. Não agüentava mais ficar entre quatro paredes. Estava insuportável. Eu percebi o que Deus queria me mostrar. Até que de repente, sem nenhuma explicação clara ou óbvia aquilo parou. Os vômitos pararam inexplicavelmente e o mal estar passou de tal forma como se uma mão potente o tivesse arrancado de um momento para outro, sem mais nem menos. Finalmente, consegui voltar a me alimentar normalmente e fui me fortalecendo.Quando já me sentia melhor, compareci a uma das reuniões de oração que aconteciam no porão da igreja e um outro irmão falou em profecia e me disse que não era para eu esquecer do propósito que eu tinha feito em cima da cama do hospital esperando o resultado da biopsia, me disse que Deus tinha me ouvido e esperava que eu cumprisse a minha parte e que eu sabia o que era. Como ele poderia saber aquilo se eu não comentei nada daquilo com ninguém? Aquilo confirmou que Deus realmente estava me mostrando que sou seu instrumento e que não devo ficar parada.Assim, tive a certeza de que aquela profecia no Congresso dos Gideões Missionários em Camboriú dizendo que uma pessoa da minha família estava com os dias contados e seria tomada foi diretamente para mim. Eu esperava que fosse para qualquer pessoa da minha família, menos para mim, por que foi falada comigo. Como já disse anteriormente, eu não me toquei de que eu também faço parte da minha família. E aquele caixão que foi visto fechado saindo de dentro da minha casa, dias antes de eu me sentir mal, veio confirmar que Deus pretendia realmente ceifar a minha vida. Eu creio que o que mudou os planos de Deus foram as orações de toda a igreja, de todos os irmãos que oraram a meu favor, Eu sei que foram muitas as orações e eu creio fielmente que elas fizeram com que Deus me desse uma nova chance, uma nova oportunidade. Eu sei que Deus mudou o seu plano devido a estas orações e devido ao propósito que eu fiz em cima daquela cama. Eu agradeço a todos os irmãos que oraram por mim. Que Deus os abençoe!Hoje, estou curada. Continuo dando aulas, mas não viro mais as costas para as coisas de Deus. Voltei a trabalhar com as crianças na igreja, canto sozinha, em trio, em quarteto, em quinteto, no vocal, no grupo de louvor, no que for preciso. Faço com prazer e alegria. Tenho registros de realizações de E.B.Fs para crianças, peças teatrais abençoadas por Deus, coisas de sucesso que foram realizadas através da minha pessoa, mas que não consigo explicar o porquê de tanto sucesso. Olho para mim e vejo, reconheço que não sou nada e que os resultados das coisas que faço não podem ser como são unicamente por mim. Alguém age em mim. Alguém me usa como seu instrumento. Eu sei quem é este Alguém. Não me arrependo e nunca me arrependerei de ter confiado minha vida a Ele. Sempre agradecerei por ter me dado uma nova chance, uma nova oportunidade e quero fazer dela o melhor que conseguir.Sempre fui tímida, mas Deus tem me colocado como líder em alguns setores. Algum tempo atrás, tive a confirmação de que Deus recebe o meu louvor. Em um domingo de manhã fiz um trabalho com os jovens do vocal a respeito de louvor e adoração. No mesmo domingo à noite, Deus confirmou e aprovou minha atitude usando o pregador para falar sobre o mesmo assunto, o mesmo tema e falando comigo na hora da oração final dizendo que Ele me ouve, devo prosseguir sem temor ou angústia, devo louvar, porque Ele está a ouvir. Isto encheu meu coração de alegria.Deus tem usado seus servos para continuar a falar comigo. Sua mais recente mensagem para comigo foi para dizer que sou escolhida desde o ventre da minha mãe, que devo deixar de ser covarde e fazer o que deve ser feito, fazer aquilo que eu quero, mas não tenho feito por medo e que eu sei o que é. Esta mensagem confirmou que o meu ministério é no louvor e disse ainda que Deus não vai abrir mão de mim.Quando eu ouvi que eu devia fazer aquilo que estava em meu coração e que eu sabia o que era, uma única coisa veio à minha mente: algo com que sempre sonhei e pelo qual sempre fui completamente apaixonada: a gravação de um CD. Este sempre foi o sonho da minha vida. Um sonho realmente, porque sempre soou como algo inatingível, inalcançável, impossível. Será? Há algo impossível para aqueles que realizam a vontade de Deus? Comprovei que não.Não procurei. Fui procurada por um produtor e já estamos acertando a gravação de um CD. Tudo de uma maneira tão rápida e providencial que a única explicação que posso dar é que isto é a mão e o agir de Deus. Por isto, hoje minha vida está completamente nas mãos de Deus. Enquanto tudo foi como eu quis e tudo foi feito à minha maneira, nada deu certo, tudo deu errado. A partir do momento que esperei em Deus, me dediquei a Ele e me tranqüilizei na sua presença, as aconteceram quando eu menos esperava. Literalmente, aconteceram.É por isto que eu amo ao meu Deus, eu O exalto e O glorifico. Por que sei que Ele me ama, cuida de mim, está ao leu lado. Eu creio assim por que tenho vivenciado este amor, este cuidado, bem como as chamadas, os sustos e as advertências quando estou ou estive errada. Você também pode crer nisto. Ele te ama e quer o seu melhor. Acalme-se, tranqüilize-se, entregue tudo a Deus. Adore-o. Você verá o que acontecerá em sua vida.Deus abençoe a cada um! Amém

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